Em 2014, foi publicado o primeiro volume da antologia Anamorfoses pela Editora Annablume. À época, eu havia demoradamente selecionado e reunido poemas de onze poetas brasileiras como resultado de um duplo engajamento: tratava-se, primeiramente, de intervir na recepção poética, de modo a colocar à disposição do público leitor um conjunto de poemas escritos por mulheres que vivem e publicam no Brasil contemporâneo. O segundo foco dessa intervenção tratou de ressaltar a diversidade de olhares de que se compõe nossa produção lírica, atravessando portanto a circunscrição das poetas em determinados nichos estéticos ou sociais advindos de filiações literárias e situações de mundo variadas, de forma a possibilitar a convivência, no espaço do livro, de poetas que se dedicaram a formalizar as respectivas visões de mundo que lhe competem (fossem elas mais alinhadas a um experimentalismo discursivo, a uma dedicada pesquisa estrutural, ou a uma sensibilidade lírica mais convencional): uma maneira de permitir que ocupassem o espaço de modo heterodoxo.