O livro
Dois poemas de Francesca Cricelli fazem parte da presente antologia.
O desafio proposto para a antologia A boca no ouvido de alguém foi o de selecionar um conjunto de poetas com data de nascimento a partir do ano de 1975, época de grandes mudanças políticas e sociais, e cuja proveniência fossem da Galiza, Brasil, Moçambique, Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe; vozes que, além de possibilitarem não só novas formas de perceber o tempo que nos tocou viver, também nos desvelassem a multiplicidade potenciadora da expansão do indivíduo e das sociedades que integram; a poesia entendida como exercício de penetração na realidade, afirmando-se como uma nova fonte emocional e dissolvente de ideias, amplificando singularidades. De igual modo, este projeto visa também despertar uma visão diferente da(s) lusofonia(s). Porque partindo desde a Galiza a visão tem de ser obviamente outra, capaz de descentralizar, mas também sendo inclusiva e afectiva, provocando transgressões, fissuras, produzindo novas éticas, que nos retirem da repetição, de atitudes e significações. Representa a urgência de nos deixarmos levar pela correnteza das línguas, do vigor dos corpos-matéria, das pluralidades identitárias, e tecer este tronco comum galego-lusófono, por vezes tão distante um do outro.
“Um remédio para as ‘cicatrizes e micoses do tempo’ e, até, quiçá, para o silêncio das línguas ‘doentes'”. Ana Fraile Somoza, Novas da Galiza.
“Corpo, identidade e língua estão intrinsecamente ligadas na experiência humana e na expressão artística”. Tiago Alves, coordenador do volume, para o Portal Galego da Língua.